A “Mensagem”, segundo Octávio Paz, é mais do que um poema patriótico
“A Mensagem, à primeira vista, é como um hino às glórias de Portugal e uma profecia de um novo império (o Quinto), que não será material mas espiritual (...) O livro é uma galeria de personagens históricas e lendárias, deslocadas da sua realidade tradicional e transformadas em alegorias de outra tradição e outra realidade. Talvez sem plena consciência do que fazia, Pessoa volatiliza a História de Portugal e, em seu lugar, apresenta outra, puramente espiritual, que é a sua negação. O carácter esotérico da Mensagem proíbe-nos lê-la como um simples poema patriótico, como desejariam alguns críticos oficiais. Há que acrescentar que o seu simbolismo a não redime. Para que os símbolos o sejam efectivamente é necessário que deixem de simbolizar, que se tornem sensíveis, criaturas vivas, e não emblemas de museu.”
PAZ, Octavio, in Fernando Pessoa, o Desconhecido de Si Mesmo (edição original: “El deconocido de si mismo”, in Los Signos en Rotación e Otros Ensayos, Madrid, ed. Alianza Editorial, 1971).
Na imagem: Octávio Paz