Polifonia - um projecto de documentário sobre a figura e a obra de Alfredo Margarido


No próximo dia 26 de Abril, pelas 18h00, será apresentada no Auditório da Biblioteca Nacional, a obra Ensaios Escolhidos de Alfredo Margarido Vol. 1 – Colonialismo, Resistência, Independência, editado pelas Edições Almedina e com organização de Isabel Castro Henriques. O livro será apresentado por Daniel Pereira, com intervenções de Inocência Mata e Fernando Pereira Marques.

Durante a apresentação da obra, será também exibido uma montagem provisória do documentário “Polifonia”, com produção da Bookcase e realização de Luís Santo Vaz, um projecto de documentário sobre a figura e a obra de Alfredo Margarido (1928-2010), escritor, professor universitário, artista plástico e resistente anti-fascista. 

As imagens em que se baseia este projecto foram gravadas entre 2006 e 2008, sendo o título do documentário uma alusão à diversidade polifónica da obra de Margarido e também uma citação de uma frase sua, quando, perante uma janela para o Jardim Botânico Tropical, Alfredo Margarido exprimiu o seu olhar, simultaneamente analítico e poético, sobre a riqueza dos verdes na natureza e sobre o rumor das folhas agitadas pelo vento: 

"Aqui a natureza oferece uma gama de verdes que efectivamente é impressionante. Impressionante, porque, se olharmos finamente, basta pegar nos óculos e começar a ver que há verdes mais escuros, mais claros, verdes nascentes, verdes que estão já em vias de morrer, estão a caducar; tudo isso está aí na frente. E depois tem movimento. É sempre um elemento que aguça a percepção das coisas. A velocidade; o vento, imprime um movimento veloz às arvores, quer dizer que, recusa a própria passividade da estrutura da arvore; põe-na a flutuar, por assim dizer, flutua. Podem-se passar horas justamente a ver essa ondulação permanente em que as árvores estão, em que se engalfinham umas com as outras e se engalfinham com o vento. Isso é uma coisa... Podem-se passar horas. Por isso é que eu disse de vez em quando a janela é para ficar aberta para sentir o rumor. Porque há também depois o rumor. Aquilo fala. Tem voz, tem vozes várias. É uma polifonia.".